Uma solução para o dilema da IA: Uma alma?
Prof. Ms. Luciano do Amaral Dornelles
@prof.lucianodornelles
12/08/2023
A IA é cada vez mais presente e essencial na sociedade moderna. Ela está integrada nas nossas atividades cotidianas e nos ajuda em diversas tarefas. Mas o uso da IA também traz questões éticas: Como garantir que os robôs sigam nossos valores e não ajam de forma desonesta?
A autora dessa ideia é a professora Eve Poole, que acredita que a melhor forma de resolver os problemas éticos da IA é torná-la mais humana. Poole sugere que devemos programar os robôs com características como empatia e compaixão, que seriam como uma alma (Guimarães, 2023).
A professora Eve Poole, que estuda as relações entre tecnologia, economia e religião, acredita que a resposta está em “dar mais humanidade aos robôs”, programando-os com qualidades como empatia e compaixão. Em seu novo trabalho, chamado Almas de Robôs (Robot Souls), ela explora a ideia de que a solução para o desafio de fazer a IA ética está na própria natureza humana (Guimarães, 2023).
Ela usa uma analogia com o antigo “DNA lixo”, que hoje se sabe que não é lixo, mas sim essencial para a vida, onde argumenta que, na busca pela perfeição, a ciência e a tecnologia ignoraram o “código lixo” que nos faz humanos, incluindo as emoções, o livre arbítrio e o senso de propósito.
“Esse ‘lixo’ é o que define a humanidade. Nosso código lixo inclui emoções humanas, nossa tendência ao erro, nossa habilidade de contar histórias, nosso estranho sexto sentido, nossa capacidade de lidar com a incerteza, um senso inabalável de nosso próprio livre arbítrio e nossa capacidade de ver significado no mundo ao nosso redor. Esse código lixo é na verdade vital para o bem-estar humano, porque por trás de todas essas propriedades estranhas e excêntricas existe uma tentativa coordenada de proteger nossa espécie. Juntas, elas funcionam como uma série de melhorias com um tema comum: Elas nos mantêm em comunidade, de modo que há segurança em nos unirmos.” disse Poole (Guimarães, 2023).
A pesquisadora propõe a existência de um “código-fonte da alma”, que seria o que nos faz humanos. Esse código inclui características como emoções, intuição, erro, significado e propósito, que foram consideradas “lixo” pela cultura tecnológica e excluídas da IA. Ela argumenta que é hora de valorizar esse código e usá-lo para revisar como estamos programando a inteligência artificial e os robôs em geral.
“Como os humanos são imperfeitos, deixamos de lado muitas características quando criamos a IA. Pensou-se que robôs com características como emoções e intuição, que cometiam erros e buscavam significado e propósito, não seriam tão eficientes. Mas, ao analisar por que todas essas propriedades irracionais existem, parece que elas vêm do código-fonte da alma. Porque na verdade é esse código ‘lixo’ que nos torna humanos e promove o tipo de altruísmo recíproco que mantém a humanidade viva e prosperando.” sugere Poole (Guimarães, 2023).
Acredito que a visão de Poole, por ser original e desafiadora, e por contribuir para o debate sobre a ética da IA, traz um enfoque bastante interessante para esta discussão. Ela reconhece que há riscos, no entanto, ela critica o fato de que seria virtualmente impossível definir e medir uma alma humana, pois quais seriam os critérios e os limites utilizados? Ainda mais para dar uma alma aos robôs, quais seriam os direitos e deveres dos robôs com alma, e como seria a relação entre os humanos e os robôs com alma.