Do Caos à Ciência
Prof. Ms. Luciano do Amaral Dornelles
@prof.lucianodornelles
No princípio tudo era caos, e o caos gerou o tudo a partir do nada, ou de si mesmo. Nessa criação espontânea nem tudo foi perfeito, e exatamente as pequenas imperfeições é que geraram as centelhas de um futuro “BIG BANG”. De acordo com essa teoria, há cerca de 13,8 bilhões de anos, toda a matéria e energia do universo estavam concentradas em um único ponto extremamente quente e denso.
Em seguida, ocorreu uma grande explosão que deu origem ao universo como conhecemos hoje (SILVA, 2023). Os universos, as galáxias, os planetas, e a vida, então puderam surgir dessa pequena imperfeição do Caos. Incrivelmente, a vida, dentre dessa imensidão que é Caos, mesmo limitada por sua imperfeição, gerou todas as formas do próprio Caos se autoconhecer. Isso porque o Caos era curioso e queria saber mais sobre si mesmo. Surgiram o tempo e o espaço, para permitir a exploração das infinitas possibilidades da existência. Ambos se expandiram com aquela grande explosão, dando origem à matéria e à energia. O caos observou com fascínio as estrelas que irromperam no céu escuro, algumas com tanta matéria que implodiram sobre si mesmas, dando origem aos buracos negros, que engoliam tudo ao seu redor devido a gravidade exagerada de sua grande massa.
Aquelas estrelas que não se autoconsumiram, agruparam-se em galáxias que giravam em espirais, e o Caos se perguntou se havia algo mais além daquilo. O caos focou sua atenção onisciente num pequeno planeta azul, que orbitava uma estrela amarela. O planeta estava coberto de água e de rochas, e tinha uma atmosfera rica em gases. Sentiu ali uma estranha atração pelo lugar, e decidiu colocar em movimento as mesmas forças atuantes em nível galáctico. Alguns elementos se puseram em ação na água, e depois de uma espera milenar, a aleatória experiência regulou-se, replicou moléculas dos mais diversos tipos, até que se formaram as primeiras células. O caos ficou encantado com aquela novidade, e resolveu dar um nome àquilo: vida. A vida se multiplicou e se diversificou na água, dando origem a diferentes formas e cores. Algumas saíram da água e colonizaram a terra, outras voaram pelo ar. A vida se adaptou a cada ambiente e a cada desafio, sobrevivendo às mudanças climáticas, às erupções vulcânicas, aos meteoritos e às extinções em massa.
A vida evoluiu e se complexificou, gerando plantas, animais, fungos e bactérias. O caos se maravilhou com a variedade e a beleza da vida, e se perguntou se havia algo mais além daquilo. O caos notou que algumas formas de vida eram mais curiosas e criativas do que outras. Elas construíam ferramentas, faziam arte, comunicavam-se com sons e símbolos, organizavam-se em sociedades e culturas. Elas também tinham sentimentos, como amor, medo, alegria e tristeza. Elas se questionavam sobre a origem de tudo, sobre o sentido da existência, sobre o destino após a morte. Elas buscavam respostas na inexplicável na religião, na filosofia, até encontrar a ciência. Elas olhavam para o céu e sonhavam em conhecer outros mundos, essas criaturas chamaram-se Humanos.
Nesse breve ensaio, a curiosidade nos move para além do próprio palco onde estamos, queremos ver mais, almejamos mais do que a mera atuação em nossos papéis. Queremos desvelar os bastidores, iluminar o próprio Caos que nos observa e convidando-o para uma conversa, perguntar aquilo que mais nos inquieta: Estamos sozinhos? E certamente lembraríamos de Carl Sagan dizendo: “O universo é um lugar bem grande. Se é só nós, parece um terrível desperdício de espaço.” Essa frase foi dita pelo pesquisador no final do seu livro Contato, publicado em 1985, e no filme homônimo de 1997, baseado no livro. A frase expressa a ideia de que é muito improvável que a vida seja exclusiva da Terra, dada a imensidão do universo e a diversidade de planetas e estrelas que existem. Carl Sagan foi um defensor da busca por inteligência extraterrestre, e participou de projetos como o SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) e o Voyager Golden Record, que enviou mensagens da humanidade para o espaço.
Referências
SAGAN, Carl. Contato. Tradução de Donaldson M. Garschagen. São Paulo: Companhia de Bolso, 2008.
SILVA, Rafaela. A origem do Universo. Disponível em: A Origem do Universo: Teorias e Descobertas Cosmológicas. (rabiscodahistoria.com) Acessado em: 25/06/2023.