IA e Jurassic Park Criando Monstros Modernos – PARTE 2
Prof. Ms. Luciano do Amaral Dornelles
@prof.lucianodornelles
29/09/23
“Look! It’s moving. It’s alive. It’s alive… IT’S ALIVE!!”
NOTA DO EDITOR:
Esta publicação tem características diferentes pois está sendo parte do material base para a Série de 3 podcast aqui no portal, onde podemos conferir as data gravação através do calendário 2023 de eventos digitais, acompanhe pela página inicial e nossas redes sociais, em especial no youtube!
Neste ebook, exploramos as semelhanças entre o desenvolvimento atual da chamada Inteligência Artificial (IA) e a história do filme Jurassic Park. Assim como os cientistas do filme completaram as sequências de DNA dos dinossauros para trazê-los de volta à vida, os humanos estão criando sistemas de IA cada vez mais avançados, com consequências imprevisíveis.
Discutimos os riscos e desafios associados ao desenvolvimento da IA, incluindo questões éticas, de segurança e de responsabilidade, e comparamos esses riscos com os problemas enfrentados pelos personagens do filme. Ao final, oferecemos algumas reflexões sobre o futuro da IA e como podemos aprender com a história do filme Jurassic Park para evitar problemas semelhantes.
A Inteligência Artificial (IA) é uma subárea da ciência da computação que se dedica ao desenvolvimento de sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana. Isso inclui, mas não se limita a, reconhecimento de padrões, aprendizado e tomada de decisões. Com os avanços recentes na tecnologia, temos visto um aumento na sofisticação desses sistemas, o que tem potencial para transformar muitas áreas de nossas vidas. No entanto, esses avanços também apresentam riscos e desafios significativos.
Estes sistemas computacionais têm sido chamados de “assistentes virtuais”, e são agentes de software que podem realizar uma variedade de tarefas ou serviços para um usuário com base em entradas como comandos ou perguntas. Essas tecnologias geralmente incorporam recursos de chatbot para simular a conversação humana, como via chat online, para facilitar a interação com seus usuários. A interação pode ser por meio de texto, interface gráfica ou voz – pois alguns assistentes virtuais são capazes de interpretar a fala humana e responder por meio de vozes sintetizadas.
Os assistentes virtuais ajudam os usuários ou empresas com um conjunto de tarefas anteriormente possíveis apenas por humanos. Eles usam aprendizado semântico e profundo (como redes neurais profundas – DNNs), processamento de linguagem natural, modelos de previsão, recomendações e personalização) para auxiliar as pessoas ou automatizar tarefas.
Os assistentes virtuais podem realizar uma variedade de tarefas administrativas, como agendar compromissos, fazer chamadas telefônicas, organizar viagens ou gerenciar contas de e-mail.
Eles também podem ajudar a criar uma melhor experiência para o cliente de várias maneiras,
monitorando a caixa de entrada de e-mail comercial e as alças de mídia social do seu negócio e
responder rapidamente às consultas.
1 “Olhe! Está se movendo. Está vivo. Está vivo… ESTÁ VIVO!! A famosa fala do Dr. Frankenstein quando
sua criação se move pela primeira vez. FRANKESNTEIN. Direção: WHALE, J. Frankenstein [Filme].
Universal Pictures, 1931. 1 DVD (70 min).
Os assistentes virtuais, como mencionado, são uma parte crucial da tecnologia moderna. Eles são a personificação prática de várias definições de inteligência artificial (IA). Vamos explorar essas definições em relação aos assistentes virtuais:
- A arte de criar máquinas que executam funções que exigem inteligência quando executadas por pessoas: Assistente virtual é um exemplo perfeito disso. Eles são projetados para entender e responder a comandos de voz, realizar tarefas, como agendar compromissos ou verificar o clima, que normalmente exigiriam inteligência humana.
- O estudo das faculdades mentais pelo uso de modelos computacionais: Assistente virtual usa algoritmos complexos e aprendizado de máquina para entender e aprender com as interações do usuário. Isso permite que eles melhorem suas respostas e forneçam informações mais precisas ao longo do tempo, imitando o processo de aprendizado humano.
- O estudo do projeto de agentes inteligentes: Um agente inteligente é algo que percebe seu ambiente e toma atitudes que maximizam suas chances de sucesso. Assistente virtual faz exatamente isso – eles percebem o ambiente através da entrada do usuário (voz, texto) e realizam ações (responder a perguntas, realizar tarefas) que são mais propensas a satisfazer o usuário. Portanto, os assistentes virtuais não são apenas ferramentas úteis, mas também uma demonstração impressionante do potencial da IA. Eles destacam diferentes aspectos da IA e fornecem uma visão abrangente do campo, mas, no entanto, é importante notar que a IA é um campo em constante evolução e as definições podem variar dependendo do contexto.
Nesse sentido, a classificação da IA em diferentes tipos se torna relevante. Dependendo do grau de abstração ou generalização que se busca, a IA pode ser categorizada de várias maneiras, cada uma com suas próprias características e aplicações. Isso reflete a diversidade e a complexidade do campo da IA, bem como sua adaptabilidade às necessidades em constante mudança da sociedade e da tecnologia.
Alguns exemplos de tipos são:
IA fraca ou aplicada: é aquela que se dedica a resolver problemas específicos, usando técnicas e algoritmos especializados para cada domínio.
Por exemplo, sistemas de reconhecimento facial, tradução automática, jogos de xadrez etc.
IA forte ou geral: é aquela que visa criar sistemas capazes de realizar qualquer tarefa intelectual que um humano possa fazer, usando técnicas e algoritmos universais e adaptáveis. Por exemplo, sistemas que possam entender e produzir linguagem natural, raciocinar sobre diversos assuntos, aprender com a experiência etc.
IA superinteligente: é aquela que ultrapassa a capacidade intelectual humana em todos os aspectos, podendo criar e resolver problemas que os humanos não conseguem. Por exemplo, sistemas que possam modificar e melhorar a si mesmos, inventar novas tecnologias, dominar todas as áreas do conhecimento etc.
A IA também tem diversas aplicações práticas em vários setores da sociedade, como educação, saúde, indústria, comércio, entretenimento, segurança etc. Veja alguns exemplos: - Assistentes virtuais: São sistemas que interagem com os usuários por meio de voz ou texto, oferecendo serviços ou informações personalizadas. Siri, Alexa, Cortana e Google Assistant são exemplos bem conhecidos. Na China, o assistente virtual Xiaoice, desenvolvido pela Microsoft, é amplamente utilizado.
- Robótica: Combina IA com engenharia mecânica e elétrica para criar máquinas físicas que se movem e manipulam objetos. Robôs industriais, domésticos, militares e médicos são alguns exemplos. O Japão é líder mundial em robótica, com empresas como a SoftBank Robotics e a Toyota desenvolvendo robôs avançados.
- Redes sociais: Plataformas online que usam IA para analisar os dados dos usuários e oferecer conteúdo relevante ou recomendações. Facebook, Instagram, Twitter e YouTube são exemplos bem conhecidos. A TikTok, uma plataforma de mídia social baseada na China, usa IA para personalizar e otimizar a experiência do usuário.
- Carros autônomos: São veículos que usam IA para navegar pelo trânsito sem a intervenção humana. Tesla Model S e Waymo One são exemplos notáveis. Nos Estados Unidos, empresas como a Waymo (uma subsidiária da Alphabet) estão na vanguarda do desenvolvimento de tecnologias de condução autônoma.
Além disso, a IA tem aplicações significativas em setores como educação, saúde, indústria, comércio, entretenimento e segurança. Em cada um desses setores, países ao redor do mundo estão adotando e integrando tecnologias de IA para melhorar a eficiência e a produtividade.
É dessa imensa variedade de aplicações que esta tecnologia possui, que pretendemos analisar os riscos e desafios da IA a partir de uma perspectiva interdisciplinar, que envolva os aspectos técnicos, éticos, sociais, filosóficos e jurídicos. Existe uma necessidade emergente que justifica esta análise, já que as Redes Neurais Profundas (DNNs ), por ser um modelo que imita o funcionamento do cérebro humano e o processamento de dados. Seu funcionamento simula os neurônios em um cérebro humano, com camadas de “nós” que recebem entradas de informação da camada anterior, logo em seguida realiza cálculos simples sobre essas entradas e fornece o resultado para os nós da camada seguinte. É essa capacidade de sobrepor dados que permite às DNNs aprender a partir de grandes quantidades de informação não estruturados, tornando-as úteis para muitas aplicações de IA, como reconhecimento de voz, visão computacional e processamento de linguagem natural.
Para nos ajudar nessa análise, usaremos o filme Jurassic Park como um estudo de caso, comparando as situações apresentadas no filme com as situações reais envolvendo a IA, para desta forma buscar identificar os principais problemas e dilemas que surgem quando se cria e se utiliza sistemas de IA, bem como as possíveis soluções e alternativas para mitigar ou prevenir esses possíveis problemas. Fazendo esta comparação, podemos pensar nas DNNs como o sistema genético usado para criar os dinossauros, onde, no filme, os cientistas usam DNA extraído de insetos preservados em âmbar para recriar os dinossauros. Eles acabam preenchendo as lacunas no código genético fossilizado com DNA de outras espécies, da mesma forma que uma DNN preenche lacunas em seu conhecimento ao aprender com os dados.
A escolha do filme Jurassic Park como referência se justifica por ser uma obra que aborda de forma lúdica e crítica as implicações da engenharia genética, que pode ser vista como uma forma de IA aplicada à biologia. Além disso, o filme é um clássico da cultura pop, que tem influenciado gerações de espectadores e que tem despertado o interesse pela ciência e pela tecnologia desde sua estreia em 1993. Acreditamos que o filme pode servir como um recurso didático e motivador para discutir os temas relacionados à IA, bem como para estimular a reflexão crítica sobre o papel da ciência e da tecnologia na sociedade.
Referências
JURASSIC PARK (filme). In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Jurassic_Park_%28film%29. Acesso em: 29 out. 2021.
JURASSIC PARK. Direção: Steven Spielberg. [S.l.]: Universal Pictures, 1993. 1 DVD (127 min).
WHALE, J. Frankenstein [Filme]. Universal Pictures, 1931. 1 DVD (70 min).
IA e Jurassic Park Criando Monstros Modernos – Parte 1
Assista no youtube:
Parte 01 de 03: Jurassic Park Criando Monstros Modernos.
Parte 02 de 03: Jurassic Park Criando Monstros Modernos.