Impacto do uso emergencial da tecnologia digital na sala de aula e na vida do professor
O ano de 2020 nos atravessou (e ainda está nos atravessando) de uma forma diferente. A pandemia alterou a nossa rotina. Por exemplo: sou professora da rede pública estadual, trabalho quarenta horas, não me julgo uma “expert” em informática, me “viro” bem com o básico… Em poucas semanas, a minha casa virou o meu local de trabalho, o meu celular (que era algo pessoal) passou a ser público… Enfim, várias transformações e adaptações ao chamado: “novo normal”.
Alterei parte da minha casa para poder receber o meu trabalho. Já, no dia a dia, foram muitos convidados: alunos, alunas, responsáveis, colegas de trabalho e muitas formações para tentar dar conta de uma demanda nova, que era o ensino remoto, algo que ainda estava em fase experimental. Confesso que ainda estou me adaptando a tantos recursos (vídeos, cards, programas, grupos de “Whatsapp”, etc.).
As atribuições aumentaram, a demanda por produtos tecnológicos, também. Assistimos às instituições privadas se organizarem em uma semana, enquanto nós, da rede pública, aguardávamos um consenso do estado sobre os encaminhamentos dessa questão. Nos articulamos, num primeiro momento, no intuito de facilitar e criar vínculo com alunas e alunos. Foram criados grupos em uma rede social para a postagem de atividades para os educandos e educandas, criamos um setor na escola para dar conta de uma demanda nova (que eram os acessos para alunos e professores no “Google Classroom”) sem esquecer de mencionar todo o tempo com suporte tecnológico à comunidade escolar. Um desafio, visto que a maior parte das educadoras e educadores não possuía formação específica na área
Há um fato a ser analisado: existe um analfabetismo tecnológico a ser combatido, pois os jovens, em sua maioria, jogam e acessam as redes sociais, porém apresentam dificuldades em usar um programa como “Word”, por exemplo, gerando uma angústia coletiva (inclusive em seus responsáveis). Outro entrave, que não pode ser ignorado, é a dificuldade de acesso à internet e aos equipamentos, celulares, notebooks… Enfim, uma parafernália tecnológica que a maioria dos discentes não dispõe. A realidade é profunda e a pandemia escancarou as desigualdades sociais de forma latente com reflexo em todos os setores e na educação não poderia ser diferente.
Constatamos que os múltiplos obstáculos que essa pandemia está nos trazendo faz com que precisemos nos reinventar, nos desafiar constantemente como educadoras e educadores desenvolvendo novas habilidades e lutando para dominar outras ferramentas (até então desconhecidas) para que consigamos viabilizar uma educação de qualidade em meio à crise instalada, que é real, preocupante e sem data para o seu encerramento. Sigamos acreditando!